Uma parte da história da família Chiminazzo
Me chamo Tatiana Fernandes Furlan. Sou filha de Alfeu José Furlan e Zila Fernandes Furlan. A origem da minha família materna ainda é um mistério para mim. Mas venho hoje falar da minha família paterna. Meu avós paternos são Luigi/Luiz Furlan (1888 – 1950) e Antonia Chiminazzo (1900 – 1998). Há 13 anos pesquiso sobre os Furlan, ainda sem sucesso.
A pesquisa sobre os Chiminazzo começou há uns cinco anos, e rendeu muitos bons frutos. Vamos a eles…
Em 3 de Janeiro de 1893 chegou no Porto de Santos um navio A. Doria. Nesse navio estava a familia Chiminazzo. No registro de chegada, a composição da familia está descrita da seguinte forma:
Gio.Batta (que aqui virou Giovanni) – filho, 20 anos
Angela – esposa, 42 anos
Domenico – filho, 15 anos
Luigi – filho, 14 anos
Tereza – filha, 8 anos
Maria – filha, 7 anos
Luigi – marido, 62 anos
Os dados de chegada da família me intrigaram, pois havia um irmão, o mais velho deles – o meu bisavô, Angelo Chiminazzo, que não constava no registro.
Descobri anos mais tarde o registro do Angelo, que chegou também em Santos, em 8 de agosto de 1894, portanto, 1 ano e meio após a chegada de sua familia, que a essa altura já se encontrava em Campinas. Angelo chegou com 24 anos e não se sabe porque ele não veio junto com a família toda.
Os quatro irmãos (bem como as irmãs) – Angelo, Giovanni, Domenico e Luigi – se mantiveram em Campinas juntos. Em algum momento, possivelmente em função do seu casamento, Angelo decidiu mudar-se para Valinhos.
Antes de adentrar pelos detalhes da minha família direta, vou resumir abaixo os dados que tenho dessa primeira família Chiminazzo:
– Luigi, o pai – (1831, Itália – 20 de janeiro de 1906, Campinas – ossada está ainda no cemitério da saudade);
– Angela (1852, Casoni, Mussolente, Vicenza – 29 de janeiro de 1908, Campinas);
– Angelo (21 de agosto de 1869, Rosa, Vicenza, Veneto – 27 de julho de 1916, Bassano del Grappa, Vicenza); meu bisavô;
– Giovanni (1872, Rosa – 1935, Campinas) – casou-se em Campinas com Grazioza Migotto (1880 – 1935) e tiveram 4 filhos: Angelinz, Constantino, Honorato, Antonio.
– Domenico (1876, Rosa – 1949, Campinas) – casou-se com Giovana Piva (1882 – 1951); tiveram 6 filhos: Ricardo, Luiza, Olivia, Antonio, Carlos e Italia.
– Luigi (1879, Rosa – 1941, Campinas) – casou se com Rosa Piccolo, e tiveram 13 filhos: Ana, João, Amelia, Genoveva, Antonio, Oswaldo, Angelo, Helena, Guerino, Amadeu, Laurinda, Maria e Luiz.
– Tereza (22 de junho de 1884, Rosa – 1969, Campinas) – casou-se em Campinas com Luigi Fiorotto, morou a vida toda numa casa na Maria Monteiro, no Cambuí. Desconheço dados de descendentes.
– Maria (16 de outubro de 1886, Rosa – 1978, Campinas) – tem seu registro de casamento em Piracicaba, com Celeste Vicentim. Desconheço dados de descendentes.
Voltemos a falar do Angelo, meu bisavô.
Angelo casou-se aqui no Brasil com Maria Luigia Argenta (20 de abril de 1873, Montebelluna, Treviso, Veneto – 16 de setembro de 1938, Valinhos, SP), em 23 de fevereiro de 1895, com registro apenas na igreja (na paróquia de Valinhos, ainda não havia registro civil).
Angelo e Maria tiveram 10 filhos, listados abaixo:
– Eliza Chiminazzo (1896 – 1941) – que foi casada com João Capovilla Filho (1890 – 1951). Tiveram três filhos: Antonio Geraldo Capovilla, Ana Capovilla e Judith Leonor Capovilla.
– Alberto Chiminazzo (1899 – 1978)- casado com Maria Fioro (1900 – ?). Tiveram 8 filhos: Angelo, Alcides, Geraldo. Luiza, João, Nilo, Amelia e Edna.
– Antonia Chiminazzo (1900 – 1998) – casada com Luigi/ Luiz Furlan (1888 – 1950) (esses são os meus avós). Tiveram 9 filhos: Agostinho, Maria, Cecilia, Sebastião, Lidia, Teresinha, Bernadete, Helena e Alfeu (meu pai).
– Alfonso Chiminazzo (1904 – 1970 ) – casado com Olga Piatto (1914 – 1953). Tiveram 9 filhos: Norma, Henrique, Gersio, Gervasio, Geni, Virma, Maria, Aparecida e Valdemar.
– Luiz Chiminazzo – nascido em 1906, data de obito desconhecida. Faleceu criança. Existe uma historia curiosa aqui. Os mais velhos da família se lembram da minha avó contar que, numa noite, seu pai Angelo e os irmãos dele estavam jogando cartas e bebendo cachaça, ou algo assim. E o Luiz, estava a rodeá-los, pedindo para provar a bebida de cada um deles, sem que ninguém visse. Luiz faleceu de coma alcoólico, naquela noite, ainda criança. Infelizmente nunca encontrei o registro de óbito dele para saber que idade ao certo ele tinha. Acredita-se que isso tenha acontecido em torno de 1912.
– Lino Chiminazzo (1909 – 2003), que casou-se com Maria Luiza Barbisan (1916 – 1948 ), e depois de viúvo, casou se novamente com Izabel Rodrigueiro (1902 – 1993). Tenho listados apenas os filhos do segundo casamento do Tio Lino, que são 6: Romeu; Rubens, Clarice, Ondina, Mariolina e Irineu.
Outro fato interessante aqui. As datas de nascimento de Lino e Josephina não estão exatas. Eles tinham pelo menos 2 anos de diferença, mas foram batizados e registrados como gêmeos.
– Josephina Chiminazzo ( 1910 – 2002) – casada com Francisco Valongo ( 1908 – 2010). Tiveram 3 filhos: Perseu, Sicilia e Maria Aparecida.
– Eugenia Chiminazzo (1912 – 1994) – casada com José Antonio Casarin (1910 – 1994). Tiveram 6 filhos: Jose Aparecido, Filadelfio, Terezinha, Esmeralda, Maria Circe e Ferdinando.
– Joana Chiminazzo (??) – casada com Roque Gargano (não tenho dados sobre a Joana; Joana teve apenas uma filha, chamada Carmem, que me parece, morava em SP e já faleceu).
– Edna Chiminazzo (??) – Edna faleceu jovem; infelizmente não encontrei dados dela.
Como estou falando do meu ramo familiar, para ilustrar melhor, abaixo pode-se ver uma árvore genealógica com os filhos(as) e seus respectivos companheiros(as), da Antonia Chiminazzo e do Luiz Furlan.
Dizem que os irmãos Chiminazzo não eram pessoas muito fáceis de se lidar. Consta também que minha bisavó, Maria Luigi Argenta, cansou do mau gênio de marido e o traiu. Imaginem o peso que tinha para um homem italiano ser traído no início de 1900? Angelo então resolveu voltar para a Itália e lá se ofereceu para lutar na 1ª Guerra.
A família ficou no Brasil por anos sem saber notícias dele. Passaram necessidades e quase perderam suas terras. Uma noite, as filhas disseram ter ouvido um vento forte e todas as panelas caírem na cozinha. Foram verificar e as panelas de fato estavam no chão, mas não havia nada de anormal que pudesse ter causado aquilo. Meses depois eles receberam uma carta, informando a morte de Angelo; e as filhas dele (minha avô e minhas tias-avós) afirmavam que as panelas caíram na noite em que ele morreu na Italia.
Angelo não morreu lutando. Faleceu depois, num hospital em Bassano del Grapa, e foi condecorado com medalha de ouro pelos serviços prestados ao exército italiano. Esse detalhe sobre a medalha, só soubemos ano passado (2019), quando finalmente conseguimos encontrar seu atestado de óbito.
Não é fácil transformar uma história de família, com tantas datas, em algo gostoso de se ler. Sou uma curiosa e estudo genealogia por curiosidade e por paixão. Não pesquiso apenas para conseguir minha cidadania.
Já ajudei alguns primos e primas a conseguirem sua cidadania. A minha está bem complicada, mas sigo pesquisando. Quem sabe um dia eu consiga?
Tenho mais dados da maioria das pessoas que citei acima. Se algum descendente ler essa postagem e se interessar, posso passar tudo que tenho. Deixarei meu e-mail no fim do texto.
Escrevendo sobre eles, presto aqui minha homenagem a todas as familias italianas, que construíram grande parte da história de Valinhos, e principalmente à dona Antonia Chiminazzo. Da ultima vez que contamos, há uns 10 anos, ela já tinha mais de 120 descendentes diretos (filhos, netos e bisnetos). Paramos de contar faz tempo, mas essa senhora, filha do Angelo, engraçada, de gênio forte e que gostava de aproveitar a vida, ajudou em muito a povoar Valinhos e contribuir para sua história.
Meu e-mail: tatiana.furlan@gmail.com
Em tempo: a maior parte da minha pesquisa por documentação é realizada no site do museu do imigrante e no Family Search (site da igreja dos mormons, com dados de genealogia do mundo tempo).